VIDA DA CONGREGAÇÃO

ENCONTRO DO GOVERNO GERAL
COM OS SUPERIORES PROVINCIAIS E REGIONAIS

Andrea Tessarolo (IS)

O XX Capítulo Geral, realizado em Roma em maio de 1997, concluiu os trabalhos com um “projeto congregacional”, mais entendido como um “caminho a percorrer juntos”, que uma lista prefixada de tarefas a cumprir. De modo semelhante, também o Projeto 1997-2003 do governo geral - elaborado a partir das inspirações do Capítulo - se limitava a elencar certas “opções prioritárias” que, por sua vez, necessitavam de um melhor planejamento para se tornarem de fato operativas.

Um momento importante para estudar mais a fundo e, portanto, planejar algumas destas “opções” foi certamente o encontro da Coordenação Geral com os superiores maiores da Congregação, ocorrido em Roma de 03 a 13 de novembro de 1998.

Foram tratados muitos assuntos, com amplas informações a respeito de cada Província e Região. Seria fora de propósito retomar nestas poucas páginas todos aqueles temas tratados. O presente informe se limitará a sintetizar o discurso de abertura proferido pelo Superior Geral, Pe. Virgínio Bressanelli, e a descrever de modo resumido as decisões tomadas, no que se refere aos principais problemas que compunham a pauta do dia.

Discurso do Superior Geral

O encontro foi aberto por Pe. Virgínio Bressanelli, superior geral. Em seu discurso, Pe. Virgínio expôs o sentido e o alcance deste “encontrar-se juntos” entre Coordenação Geral e Superiores maiores e indicou, a seguir, algumas “chaves de leitura” sobre o programa de trabalho proposto à assembléia. O presente encontro - como disse Pe. Virgínio - é o primeiro a ocorrer entre a nova Coordenação Geral e os Superiores maiores da Congregação (21 Províncias, 6 Regiões e 3 Comunidades internacionais que depois serão denominadas “distritos”). Encontros deste gênero não são previstos pelas nossas Constituições, mas se tornaram praxe na Congregação desde a época de Pe. Panteghini, superior geral antecedente. O último Capítulo, aliás, reconheceu a utilidade deste tipo de reunião, confiando a tal encontro o esclarecimento e a definição de alguns problemas levantados pelo Capítulo e ainda em discussão, como: estruturas de governo, natureza e funcionamento das comissões gerais, comunidades internacionais, o Fundo de Ajuda Geral (FAG), e outros.

Além de apreciar estes assuntos - continuou Pe. Virgínio - um encontro desse tipo é útil também por muitos outros motivos: ajuda a Coordenação Geral, sugerindo formas práticas para agilizar certas orientações capitulares; favoresce o conhecimento mútuo e o diálogo entre as Províncias e Regiões; permite o intercâmbio de experiências diversas; pode ampliar a nossa compreensão sobre os desafios, expectativas e possibilidades que a Congregação encontra hoje nos diversos países. Trata-se, enfim, de uma forma concreta de viver nossa corresponsabilidade.

Contudo, o objetivo principal do presente encontro - como precisou melhor Pe. Virgínio - é avaliar e propor passos concretos para que se possa executar o Projeto 1997-2003, elaborado pela Coordenação Geral em consideração às orientações provenientes do Capítulo. Ao cumprir o presente trabalho conjunto, é importante que nos deixemos guiar por algumas “chaves de leitura”, formuladas por Pe. Virgínio do seguinte modo:

1. a consciência do Nós Congregação

2. um Nós a serviço da missão

3. o método ver-julgar-agir

Consciência do Nós Congregação - Este primeiro ponto nos convida a ver a Congregação como um “Nós” e como um “corpo”. Pede que retomemos o sint unum de Padre Dehon. Mas - como insistiu Pe. Virgínio - não basta apenas repeti-lo em palavras. É preciso senti-lo no coração e na própria pele. O papel de cada um na Congregação é limitado; mas todos devemos nos sentir responsáveis pelo conjunto. Vida, crescimento, alegrias e sofrimentos “são meus, são nossos, são de todos: é no sinal da comunidade, vivida na espiritualidade do sint unum e inspirada no mistério da Trindade, que nasce a comunhão das pessoas, a colaboração nos programas e a partilha dos nossos bens”.

Trata-se, portanto, de uma unidade que se qualifica como comunhão. E isto porque:

a. valoriza a pluralidade na vivência dos valores comuns respeita a autonomia das partes, mas convocando a todos a se sentirem membros de um todo estimula um maior co-envolvimento em determinadas iniciativas comuns.

Um Nós a serviço da missão - O segundo ponto nos convida a ver tudo o que foi dito acima “a serviço da missão”. O espírito de “serviço”, mais que uma “chave de leitura”, é um dos pilares do programa proposto. Também a Congregação, como toda a Igreja, “existe para a missão”. O Nós Congregação não nos fecha em nós mesmos, mas nos envia, unidos, pelas estradas do mundo, como profetas do amor de Cristo e servidores da reconciliação. É necessário repensar a nossa missão atualmente, em termos de novas expressões, como missão animada pelo carisma dehoniano, mas também fortemente marcada pelos desafios e esperanças da humanidade de hoje. Daí a urgência de revermos a organização e as estruturas de governo, em função da missão.

Ver-julgar-agir - Considerando os assuntos do dia, Pe. Virgínio - como terceiro ponto - sugeriu que fosse adotado o método ver-julgar-agir. Que se faça uma abordagem dos problemas e desafios do momento, seguindo a dinâmica do discernimento evangélico, na busca da vontade do Pai a nossa respeito, a respeito da Igreja e do mundo - sustentados na convicção de fé de que o Reino já foi inaugurado pelo Ressuscitado, sob ação e guia do Espírito Santo.

O programa em exame é essencialmente operativo. Fica claro que se deve levar em conta o deslocamento geo-cultural em andamento na Congregação, o qual pedirá de todos uma profunda conversão de mente e coração.

Opções práticas da Coordenação geral

O trabalho dos participantes foi amplo e empenhativo. Cada tema contemplado em pauta era introduzido por uma exposição mais ou menos global (de estilo “magistral”), que iluminava o assunto em seus diversos aspectos. Em seguida, este mesmo assunto vinha examinado e debatido nos grupos de estudo, os quais deviam apresentar à assembléia plenária uma síntese de suas reflexões. Os secretários de grupo, por sua vez, formavam uma espécie de “súper-grupo”, para recolher, sintetizar e apresentar à assembléia a contribuição vinda dos grupos de estudo. Deste modo, as contribuições eram postas em comum e novamente apreciadas. As sugestões práticas dali surgidas eram, então, submetidas à votação.

Trabalhando sobre este material (exposição global, contribuição dos grupos, votação, etc.), a Coordenação Geral - mediante sessões posteriores ocorridas de 14-28 de dezembro de 1998 - esforçou-se para traduzir na prática uma longa série de opções elaboradas no mês anterior, em diálogo com todos os Superiores maiores da Congregação.

O resultado deste último trabalho foi a elaboração de um documento, publicado em janeiro de ‘99, com o título: Uma estrada a construir, um caminho a percorrer. Trata-se de opções operativas e concretas. Dentre estas, enumeramos algumas de interesse geral:

1. Missão e missões - Para isto não se recompôs nem uma comissão geral, nem um secretariado. Deste setor se ocupará um conselheiro geral (Pe. Ryszard Mis). Pede-se, porém, que uma comissão ou secretariado continue operando a nível de Província ou Regional.

2. A comunidade dehoniana de La Capelle - A Congregação adquiriu a casa natal de Padre Dehon. Foram aprovadas linhas gerais do projeto: ter uma presença scj clara naquele lugar, mantendo vivo o sentido das “origens” e do “carisma”, em comunhão com a Igreja local. Cinco confrades já foram nomeados como membros desta comunidade: 3 da Província Francesa (B. Radin, P. Auger e H. Jung), 1 espanhol (P.G. Verdù) e 1 polonês (S. Leszczynski). A inauguração foi estabalecida para o dia 14 de março. A partir de maio a casa já poderá acolher um curso em preparação aos votos perpétuos.

3. Conferência Geral - Será de 16-26 de maio do ano 2000, na cidade de Recife, Brasil (Província BS). Tema: Economia e Reino de Deus. A Conferência não visará o simples conhecimento dos problemas, mas tem por objetivo discernir os “sinais dos tempos” e provocar na Congregação opções coerentes.

4.A Formação - Foi muito sublinhada a sua importância. Respondendo à questão da formação inicial, está organizado um encontro de formadores, em Roma, para os dias 10 a 21 de maio, este ano. Quanto à formação permanente, serão realizados cursos a cada ano, um em Roma e outro nos diferentes países, favorescendo uma mais ampla participação.

5. Estruturas e Formas de Governo - O assunto foi levantado no Capítulo Geral (moção 7). Na ocasião, confiou-se o aprofundamento do tema a uma comissão de estudos, presidida pelo Pe. Umberto Chiarello, assistente da Cúria Geral. Ele mesmo apresentou as propostas elaboradas aos Superiores maiores reunidos no encontro, em Roma. As questões envolvidas no assunto foram divididas em seis grupos:

1) o distrito - uma nova estrutura

2) a Região

3) a Província

4) as chamadas “zonas geográficas”

5) o governo central

6) outras questões

Para cada estrutura de governo estão elencadas: as condições para que seja erigida, as faculdades de governo reconhecidas no caso de cada superior, as novas formas de Províncias ou Regiões, sendo melhor definidas as competências do governo central para erigir, modificar ou suprimir estas mesmas estruturas.

Voltando à pauta geral do encontro, foram tratados ainda muitos outros assuntos, como economia e finanças, o Fundo de Ajuda Geral (FAG), a Pastoral das Vocações, o problema da cultura e da inculturação, etc. De todo este material, a Coordenação Geral selecionou as indicações mais válidas, originando o seu projeto de governo, com o título Uma estrada a construir… - ao qual nos referimos acima, e que foi publicado em janeiro deste ano.

O secretário da assembléia, Pe. Maurice Légaré, concluiu assim o seu relatório: “Vivemos nesta assembléia coisas muito belas. Agora deverão concretizar-se nos fatos e na nossa vida, para que o ser humano seja sempre mais humano… Enfim, pudemos constatar que o Nós Congregação já é uma realidade”.

(Tradução de Pe. Marcial Maçaneiro, BM)