No dia 1 de agosto de 1999 estávamos todos na Paróquia de São Judas Tadeu, em S. Paulo, Brasil, esperando a partida para Lavras, sede do Encontro de Animadores Vocacionais SCJ. No grupo havia dehonianos vindos de 18 países diferentes. O que poderia ser uma Babel foi, na verdade, um Pentecostes! Pentecostes porque, falando línguas diferentes e vivendo em contextos culturais dos mais contrastantes, nós convergíamos num mesmo ponto: o desejo de descobrir (e redescobrir) como amadurecer a vocação de cada cristão, e como propor hoje a vocação específica que a Igreja recebeu do Senhor mediante P. Dehon, nosso fundador.

Em Lavras fomos acolhidos de maneira muito familiar pela comunidade paroquial de Sant'Ana, com seu pároco Pe. Carlos Martinenghi scj, pois o Recanto Sagrado Coração de Jesus - onde estivemos reunidos por duas semanas - pertence à Paróquia de Sant'Ana, em Lavras.

As conferências realizados no Encontro foram de óptimo nível e retrataram a questão vocacional de modo apropriado. Mas, além das conferências, tivemos contato com outro aspecto do Encontro: a apresentação da realidade vocacional das várias províncias e regiões da Congregação. Foi assim que - em sintonia com o Projeto Nós Congregação - pudemos constatar o quanto nosso Instituto é plural e diversificado. Há províncias cujo campo vocacional é algo esplêndido, enquanto outras, infelizmente, encontram dificuldades muito grandes. Mas esta realidade não levou ninguém a extremos: nem soberba daqueles que têm bons resultados, nem desânimo por parte dos que têm dificuldades… No Encontro, desafios e alegrias foram partilhados por todos nós.

Descobrir que em algumas partes do mundo o carisma de Pe. Dehon é uma luz que ilumina a muitos no seguimento de Jesus Cristo, enquanto em outros lugares há problemas de difícil solução, nos fez voltar para casa com uma convicção: a causa vocacional requer o empenho de todos, sem distinção. Uma província que não leva a sério o seu futuro - e o seu futuro são as gerações jovens - é uma província que se fecha às novas perspectivas… Fica girando em torno da própria cauda, em vez de olhar longe e ir adiante.

Neste sentido, o contato que tive com a Província Brasileira Meridional (BM) foi uma lição e um estímulo. Lá, a Pastoral Vocacional funciona como um "motor" que põe em movimento toda a Província. É uma pastoral que, mesmo ressaltando o valor da vocação batismal de todos os cristãos, sabe manter em vista o aspecto específico da vocação consagrada. Cada paróquia (dehoniana) possui uma Equipe ou Comissão Vocacional da qual participam leigos, pessoas casadas ou não, religiosos e sacerdotes, com objetivos bem traçados: organização de atividades vocacionais, acompanhamento dos candidatos, contato com famílias, e sobretudo o estímulo à oração pelas vocações. As paróquias dehonianas no Brasil dedicam as quintas-feiras à oração pelas vocações.

O terceiro aspecto do Encontro, ao qual já acenei acima, foi o contato com a realidade pastoral do Brasil. O fim-de-semana ocorrido na metade do Encontro foi dedicado à nossa visita a algumas paróquias do sul de Minas Gerais. Nós do grupo ítalo-francês fomos à paróquia Divino Espírito Santo, em Varginha. Além da extensão (pois é uma paróquia grande), o que mais me marcou foi a envolvimento de toda a comunidade na Pastoral, incluindo aqui a Pastoral Vocacional. Há um conselho pastoral - organismo complexo que articula as diversas experiências pastorais da paróquia - que se esforça em colaborar e seguir a linha traçada pelos padres, que é uma linha verdadeiramente dehoniana, bem visível no estilo das comunidades, nos relacionamentos e na liturgia. Poderíamos dizer que todo leigo de nossas paróquias no Brasil é um "leigo dehoniano".

No dia 12 de agosto participamos da liturgia eucarística na comunidade de Sant'Ana, em Lavras. Aquele dia, memória da morte de nosso fundador, é para a comunidade um dia de festa e agradecimento a Deus, pelo dom que Ele concedeu à Igreja na pessoa de P. Dehon.

Um resultado concreto do Encontro de animadores vocacionais foi a Mensagem Final que nós, participantes, enviamos à toda a Congregação: mensagem que, partindo de situações diversas, olha com confiança para o futuro e sugere passos concretos.

Por fim, na terceira semana de estadia no Brasil, nós visitamos as casas de formação da Província BM. Deste "tour" pude apreciar a hospitalidade e acolhida dos confrades, bem como a simplicidade e o entusiasmo dos jovens estudantes, que aliás são numerosos. Quero ainda recordar e agradecer a cada um dos confrades que fizeram parte deste encontro. De modo particular, lembro o P. Cláudio Weber, provincial da BM, que nos acompanhou com disponibilidade, do primeiro ao último dia desta passagem pelo Brasil. Lembro ainda o P. Ricardo Pasquale, da Província AU, que Deus chamou a Si poucos dias antes da abertura do Encontro… Seguramente ele se fez presente lá do céu, participando conosco nas mesmas preocupações e alegrias.