DAS MISSSÕES E DO MUNDO

PELOS 250 CATEQUISTAS DE BASOKO

Savino Palermo (ZA)

A missão de Basoko foi fundada em janeiro de 1902, logo depois de S. Gabriel e tem sido uma das maiores do Alto Congo. Hoje, a missão conta com cerca de 100 comunidades num território do tamanho da Bélgica. Calcula-se em 140.000 a população, um terço dos quais batizados.

A sede situa-se na confluência do rio Aruwini com o Congo. O brilho de outrora fica eternizado pela construções imponentes: a igreja, inaugurada por D. Grison em 1912, a casa dos missionários, a casa das irmãs, a escola, com 2.000 alunos, que inclui residência para os professores.

Outra centro importante é Mokaria, a uns 100 km de Basoko, onde também percebe-se a vitalidade de outrora pelas construções, hoje praticamente abandonadas.

Apesar de distante de Kisangani, Basoko recebeu diversas visitas de D. Grison, e depois, de D, Kinsch. As grandes andanças missionários de D. Grison estendiam-se até Beni e terminavam descendo o Ituri e o Aruwimi até Basoko.

De novo, o grande rio Congo passou a ser o único meio de comunicação com Kisangani. São 300 km pelo rio, que o povo faz de piroga, em dez horas, sem parar, pagando o olho da cara.

Basoko acabou ficando isolada porque os outros pontos intermediário habitados antes foram abandonados por causa da insegurança da guerra contínuas que tem havido na região. Basoko contou em sua história com missionários alemães, holandeses, belgas, italianos e brasileiros (Airton, Alceu). Atualmente é atendida por quatro dehonianos: Paul Slowik (PO) Louis-Marie Butari (ZA) Salvador Elcano (HI) e Zbigniew Kierpek (PO).

Eles dedicam-se a toda espécie de trabalho pastoral, com grande aceitação dos fiéis e dos pagãos e falam lingala correntemente, o que facilita as coisas.

O trabalho é muito. Os missionários contam com a ajuda dos catequistas. O problema é a formação deste pessoal.

O nível de instrução geral é baixo e tem piorado bastante nos últimos tempos. A assistência que os missionários podem dar a essa gente também reduziu-se. É raro que possam ir ao interior da missão levar ajuda a essa gente, ou trazê-los para alguns dias de treinamento em Basoko. A equipe de animação da Arquidiocese não aparece desde 1991, quando o P. Zenon, scj, era seu diretor.

Em vista disso, a comissão provincial de espiritualidade e apostolado estabeleceu um programa de formação para estes catequistas. O programa focaliza a formação bíblica, a formação teológica sobre o Credo e os sacramentos e a formação moral.

O programa supões três sessões, de uma semana cada.

Em fevereiro-março de 2000 foi feita a primeira sessão, com quatro grupos, em lugares diferentes, em Basoko e no interior, tendo atingido 247 pessoas.

Para essa gente foi um sacrifício ficar o dia todo sentado, a ouvir e tomar notas, cumprindo um horário rigoroso, eles que não estão habituados a horário algum e a pouca disciplina. Entretanto, via-se que estavam faceiros e interessados no assunto.

Voltando para suas comunidades, contavam como tinha sido a semana e o que tinham aprendido.

Os problemas são muitos. Um deles é ao envelhecimento do pessoal. Acontece que os jovens recebem cada vez menos escolaridade e a renovação fica difícil. É difícil assegurar um mínimo de conhecimentos e formação para garantir a ortodoxia, sobretudo no campo moral. Poucos são os que têm noções corretas sobre os sacramentos, sobretudo sobre o matrimônio. O costume local prevalece sobre a doutrina.

O sexto mandamento fica reduzido ao nono.

O pessoal acha que participar de uma reunião na igreja durante a semana equivale a ter ido na missa.

A maior parte dos católicos contenta-se com o casamento de costume, só pedindo o sacramento pouco antes de morrer.

Deve-se reconhecer que parte da culpa por esta situação recai sobre nós mesmos. Que tipo de formação ao casamento foi dada aos catequistas? Praticamente nada, embora exista comissão de pastoral familiar. Este é, a meu ver, o pecado original desta ignorância em torno do sacramento do matrimônio e de seu valor. É inútil ficar ameaçando, punindo e fixando prazos para “remediar a situação”.

É necessário implantar uma catequese de fato formativa, a começar pelos catequistas e seus cônjuges, depois do que, a regularização das diversas situações familiares teria algum sentido e seria mais autêntica.

Nestes cursos dados em Basoko pudemos constatar a participação de catequistas-auxiliares ainda não batizados, creiam ou não. Questionados sobre o fato, diziam querer ser catequistas, mas quanto ao batismo preferiam adiar por ora. Difícil definir se estas situações são resultado de um sincretismo ou de falta de formação teológica.

Para se manterem, a maior parte dos catequistas desenvolve alguma atividade comercial. Alguns cultivam a lavoura, junto a seus filhos e consorte.