Aos jovens
Pe. J.L.Dehon


« Nemo contemnat juventutem tuam » (1 Tm 4,12)

« Renovabitur ut aquilae juventus tua » (Ps 103,5)

Os santos não envelhecem. (São João ficou sempre jovem). Os ímpios não têm juventude.

Que ninguém tenha a possibilidade de desprezar vossa juventude. Será assim se vós cumprirdes todos os vossos deveres. Quais são os vossos deveres? Podemos resumi-los a três: oração, respeito e caridade.

I - A oração, é o dever mais agradável. Os que não rezam se privam da maior felicidade do homem neste mundo e destroem sua perspectiva de salvação. Os que deixam de rezar não têm mais vida sobrenatural, os instintos pagãos assumem seu controle.

Não é justo oferecer, de manhã, o dia ao bom Deus e, de noite, lhe pedir perdão das faltas e a benção para a noite.

Procuremos mesmo nos familiarizar com a oração e a nos elevar para Deus pela contemplação de suas obras. É a paz, é a alegria. É a respiração natural da alma: é a vida. É o espírito dos filhos de Deus.

O bom Cura d’Ars dizia: "Quando eu era agricultor, rezava sempre no campo. Então fazia bom tempo."

Vossos operários blasfemam e atraem a maldição de Deus. Bendizei a Deus para reparar seus crimes.

A missa e os sacramentos são também orações e mais do que orações. Abandonando-as, abandonais a paz da alma e a felicidade.

II - Um pagão, Demetrius de Falera, recomendava aos jovens de Atenas o respeito de seus pais em casa, dos passantes na rua e de si mesmos quando estivessem a sós. Respeito a vossos pais é uma fonte de bênçãos... Respeito aos passantes, ao próximo: não escandalizai, edificai. Respeito a vós mesmos, a vosso espírito, a vosso coração, a vosso corpo... Deus vos vê.

Nada é tão bonito como a discrição e a pureza dos jovens.

III - A caridade, as obras. É sobre vossas obras que sereis julgados. "Eu tive fome e vós me destes de comer..." (Mt 25,35). A natureza comanda: nós somos irmãos. Nosso Senhor assim o deseja. É de nosso interesse. A esmola apaga o pecado! (1 Pd 4,8) « Beatus qui intelligit super egenum et pauperem. Deus liberabit eum in die mala... „ [Sl 41,2].

As obras. A ação. Os congressos, as associações de jovens.

Estudar as normas da justiça. É contra a natureza que um trabalhador honesto não tenha uma vida modesta e cômoda.

A boa imprensa.

Vede o que fizeram Ozanam e alguns outros jovens de Paris. A obra deles ainda vive e se espalhou até às extremidades da terra. (Os jovens santos...).

A França é vosso campo de Batalha. Nada de pessimismo. É o país do ideal e do sentimento. A graça não falha, os homens sim.

Mãos à obra, então!

Não dizei, é preciso que a juventude passe. No prazer ela passará depressa demais e será uma juventude desonrada e sem viço.

As primícias são para o Senhor, ele é ciumento. O Salvador encontrando um jovem, que podia de verdade dizer: "Eu observei todos os mandamentos desde minha infância" [Mc 10,20], o olhou com afeição e o amou.

O Marquês de Fenelon, aos 16 anos, pediu para servir no exército de Luís XIII. "Vós sois muito jovem", lhe disse o Rei. "Senhor, respondeu ele, eu terei durante mais tempo a felicidade de servir vossa majestade". Dizei isto a Deus.

Há santos com a vossa idade. São João permaneceu jovem. A águia é o símbolo da juventude que se renova... (Sl 103,5). A laranjeira dá ao mesmo tempo flores e frutos.